(título da coluna original da Folha da Tarde - 1985)

25 janeiro 2010

                                                Espanhol desossado?

                      No tempo em que foi embaixador do México no Rio de Janeiro, anos ´30, o grande intelectual mexicano Alfonso Reyes (foto),  ensaísta de enorme erudição humanística, além de inspirado poeta, aproveitou para aprimorar seus conhecimentos da lingua portuguesa, sobretudo aquela falada e escrita no Brasil. Queria don Alfonso responder, com fino estilo, a alguns prestigiados colegas espanhóis, entre eles, Miguel de Unamuno, que, desdenhosos, sempre consideraram o português como ´um castelhano sem ossos´.
                    Num ensaio brilhante, ´Aduana linguística´, em um de seus livros clássicos, ´La experiencia literária´, o escritor mexicano discorre sobre o tema:
                     ¨...Língua cem vezes ilustre a portuguesa. Ilustre por ser a expressão de uma grande epopéia histórica... Língua também ilustre por seus tesouros literários, cedo descobre as formas da lírica independente quando ainda o castelhano central não podia atrever-se a tanto...Quem ama de verdade o castelhano tem também que amar a língua portuguesa. Ambas se fertilizam, uma a outra, e mutuamente se acariciam e se agradam.¨

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