(título da coluna original da Folha da Tarde - 1985)

20 janeiro 2010

                                                    Justiça à memória do Bixiga

                              Matéria de hoje na Folha Ilustrada, ao abordar a reforma e reocupação do Teatro Sérgio Cardoso, no Bixiga, fala do objetivo dos responsáveis pelo espaço - a Apaa - Associação Paulista dos Amigos da Arte -, que é  revitalizar culturalmente a região e, no processo, reviver seu passado, estimulando a reaproximação do paulistano com as glórias antigas do bairro.
                            Esforço louvável, sem dúvida, mas falta em todo esse plano um pouco mais de  memória e história, e essa triste lacuna se manifesta na matéria da Folha: nenhum dos entrevistados, incluindo a atriz Nydia Licia, menciona que ali, onde há trinta anos ergueu-se o teatro, era um dos dois cinemas do bairro, o Espéria (o outro era o Rex, bem em frente, depois teatro Záccaro).
                          O Rex era cinemão, confortável, mas o Espéria parecia um barracão de tão pobre, com suas cadeiras de madeira rangentes, seus corredores laterais de cimento, do lado de fora, onde a molecada local, nos intervalos, aos gritos de ´hands up!¨, recriava o que via nas matinês de domingo, de preferência os westerns da Republic Pictures (Herbert J.Yates presents), com Roy Rogers ou Gene Autry, quase sempre dirigidos por Joe Kane e fotografados por Jack Marta.
                         Foram as ruinas desse cinema, o Espéria, o prédio já fechado e abandonado, que os atores Nydia Licia e Sérgio Cardoso viram certo dia, em meados dos anos ´50,  e resolveram alugar o espaço e montar ali o seu próprio teatro, então denominado Teatro Bela Vista..

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