(título da coluna original da Folha da Tarde - 1985)

19 janeiro 2010

                                                      O bom uso do adjetivo

                                  Estilistas da lingua portuguesa recomendam parcimônia no uso do adjetivo no chamado discurso escrito - ensaios, romances, teses acadêmicas, textos jornalísticos.  Contudo, tal diretriz formal, quando levada a extremos, pode despojar o texto de um certo sabor especial.
                                Recomendação felizmente sempre ignorada pelo grande escritor português Eça de Queiroz.
                               Em seu clássico estudo ´Língua e estilo de Eça de Queiroz´, o professor galego Ernesto Guerra da Cal diz o seguinte: ¨...O adjetivo é de todas as categorias gramaticais aquela que ele usa com uma predileção e um domínio tais, que o transformam no fator mais imediatamente evidente de seu léxico. Desde os primórdios literários do romancista, aparece-nos como um dos centros nevrálgicos da frase queiroziana...
                            Sem adjetivos, acreditava Eça, ¨o substantivo perde em clareza e individualidade, torna-se amorfo, despido, incolor...¨
                            Mas, atenção aspirantes a um texto equilibrado: Eça era Eça.
                            
                                                                      

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