(título da coluna original da Folha da Tarde - 1985)

23 janeiro 2010

                                
                                                           Poeta mexicano

                                    Dada a escassez de literatura mexicana no Brasil, traduzida ou não, vale registrar uma boa surpresa, exposta de forma discreta, na vitrina do sebo Chama de uma vela (antes, Nós Três), na Galeria Ouro Velho, na rua Augusta: uma edição bilingue de um livro de sonetos eróticos do poeta Salvador Novo, ´Dono meu´´, com introdução e tradução de Glauco Mattoso (Memorial da América Latina, 2002).
                                   Novo (1904/1974, foi, além de poeta inovador e ousado, jornalista, ensaísta, dramaturgo e historiador, pertencente a um grupo de jovens intelectuais, Los Contemporáneos, reunidos em torno da revista do mesmo nome e dedicados a renovar a arte e a cultura mexicanas da primeira metade do século 20. Entre eles, Xavier Villarrutia, Carlos Pellicer, Jaime Torres Bodet, Jorge Cuesta.
                                 Expansivo e desafiador das então regras sociais, muito conservadoras, Novo nunca escondeu sua condição homosexual, com frequência envolvido em escândalos. constrangedores. Mas sua conduta pessoal nunca afetou seu prestígio, tanto junto a seus admiradores, como nas esferas oficiais, onde ocupou vários cargos na área de cultura.
                              Sobre sua vida e sua obra é também importante destacar o livro de outro grande escritor mexicano, Carlos Monsiváis, ´Lo marginal en el centro´, dos anos ´90,  um fino e pungente estudo sobre a complexidade do homem e do intelectual Novo.

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