(título da coluna original da Folha da Tarde - 1985)

11 dezembro 2009

Programa duplo
                     
Em julho de 1954 os moradores do Alto do Pari dispunham de um programa duplo no pequeno mas confortável cinema do bairro, o Savoy, na rua Mendes Junior, quase esquina com a avenida Carlos de Campos. Inicio da sessão às 19,00, término por volta das 23 horas. No fundo da sala, um guarda civil, farda azul, com espadim e tudo, cuidava da segurança do público. Segurança, a propósito, garantida também do lado de fora, na rua, pela mesma corporação policial. De qualquer ponto do bairro, em direção ao cinema, o caminho era tranquilo.

Teimosia

Amélia, eu já te disse, não insiste nisso, não vai dar mesmo. A Julia já falou, não tem lugar pra você aqui em casa.

Pedaços

A imprensa paulistana, a exemplo de outras do país, concentra seus melhores recursos em matérias de serviço - saúde, previdência, consumo, mercado financeiro, programas culturais. Pouco espaço sobra para contar histórias da cidade e seus protagonistas, tanto um como outro, em triste e acelerada extinção. Seja como for, o Estadão tem publicado boas matérias sobre o tema, mas poderia ampliar essa cobertura enquanto ainda restam frágeis pedaços da memória paulistana.

Hora do jornal

Lembro da primeira página do jornal A Gazeta, um nobre vespertino dos anos ´50. Lá no alto, do lado esquerdo, havia uma ilustração em forma de relógio, com a hora de circulação do jornal, acho que por volta das duas da tarde. Nele escreviam grandes jornalistas e escritores.
                       
Dívida

 Clecim: você me deve grana, tudo bem, até entendo a demora em me pagar, mas dizer à minha sobrinha que eu como na tua mão já é muita cara de pau, não acha? Toma tento, cara!   

Vai pamonha?

Um dos alimentos mais populares no México é o tamal, algo parecido com a nossa pamonha. A escolher, salgado e doce, com diferentes recheios - tiras de tomate, pimentão picante (chile), tomate.  Em geral, é consumido no café da manhã, acompanhado de atole, um tipo de mingau, com sabores de fruta. O mesmo alimento, tamal e atole, é servido à noite, como lanche.

Shooo, lugar comum

Jornalistas de rádio e televisão insistem, ao noticiar acidentes no trânsito ou assaltos, em dizer que ¨as vítimas, ao chegar no hospital, não resistiram aos ferimentos e foram a óbito¨. Bem menos pedante e de maior impacto seria dizer que morreram, ponto. Outros abusam das expressões  por conta de e em função de. Por que não alternar com por causa de, devido a, em virtude de? Advérbios em demasia também empobrecem a linguagem: o estádio do Morumbi está completamente lotado? Bastaria dizer que está lotado. Já ouvimos também bobagens como muito maravilhoso, muito brilhante, muito sensacional. Adjetivos fortes como esses dispensam, por sua própria natureza contundente, qualquer reforço.

O bom e velho western

Programadores de filmes na televisão às vezes acertam, sobretudo quando se trata dos chamados cults. Faz pouco um dos canais da Net exibiu um velho e muito bom western, ´At Gunpoint´, com Fred McMurray e Dorothy Malone, de 1955, produção da Allied Artists (antes a gloriosa Monogram). Inspirado em outro cult, ´High Noon´, este de maior estatura e prestigio, o filme trazia uma curiosidade: no papel de vilão feroz e enlouquecido está Skip Homeier, bom ator secundário muito ativo na época, especialista em homens maus, mas que nunca alcançou o estrelato. Espera-se agora a reprise dos grandes westerns de James Stewart sob a direção de Anthony Mann e os de Randolph Scott dirigidos por Bud Boetticher.

Criatividade em baixa

Anda pouco criativa a atual propaganda brasileira, em marcado contraste com épocas anteriores, quando nos encantou com comerciais brilhantes, cheios de imaginação e força de marketing. Hoje predominam os de bebês de fralda  engatinhando e balbuciando alguma coisa, plantas e animais falando e recomendando produtos, donas de casa aprendendo como se limpa direito um vaso sanitário, louras e pagodeiros chupando cerveja. Desolador.

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