(título da coluna original da Folha da Tarde - 1985)

03 janeiro 2010

                                            Da tradução

                      Em seu clássico livro sobre o tema, ´Tradução, a ponte necessária´ (Editora Ática, 1990), o poeta e ensaísta José Paulo Paes, também um grande tradutor, dizia a respeito de um ofício tão complexo quanto mal analisado: ¨...Uma das falácias mais comuns é a ter por louvável a tradução que não parece tradução e sim um texto originariamente escrito em vernáculo. Louvável, na verdade, há de ser a tradução que, sem desfigurar por imperícia as normas correntes da vernaculidade, deixe transparecer um certo quid de estranheza capaz de refletir, em grau necessariamente reduzido, as diferenças de visão de mundo entre a língua-fonte e a língua-alvo...¨

                                                      Velhos boleiros

                         Muito boas as crônicas dominicais no Estadão do publicitário e cineasta paulistano Ugo Georgetti, que discorre, com sobriedade e conhecimento de causa, sobre o mundo do futebol, dos boleiros, por ele também retratado com pungência em seus dois filmes sobre o tema. O agradável dos textos de Georgetti reside em seu olhar retrospectivo, algo nostálgico, de um tempo, os anos ´50, quando as camisas dos times vinham com suas cores originais, seu formato simples e imaculado, ainda não manchadas por mensagens comerciais nelas estampadas. Tempo em que os clubes entravam em campo com um goleiro, dois zagueiros, três médios e cinco atacantes. E goleiro nenhum podia deixar seu arco e sair dando uma de atacante ou cobrador de faltas. Tempo em que um clássico entre dois pequenos, Jabaquara x Nacional, enchia o acanhado estádio do Juventus, na rua Javari.

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