(título da coluna original da Folha da Tarde - 1985)

28 janeiro 2010

                                         Tutti en famiglia

                         No Bixiga dos anos ´50, reduto de italianos devotos de Nossa Senhora de Achiropita, gente de costumes tão rígidos quanto hipócritas, tias e avós jamais pronunciavam a palavra aborto. Quando disso se tratava, diziam ´ela tirou, ela raspou´, ou então, menos traumático, ´ela perdeu´ (aborto natural). Tal linguagem tinha um propósito: evitar que as crianças ouvissem, ou,  pior ainda, entendessem às claras os podres da familia.
                       Também quando se referiam às certas moças do bairro, aquelas, digamos, de compormento mais ousado com os namorados, coisa condenável na época, diziam ´é uma chivetta´, que em italiano é coruja, ave noturna.
                       Neste caso, jovem descontraída, que curtia uma boa sacanagem ao cair da noite, sem maiores consequências.  Era a chamada galinha das redondezas.                                        

                                    Mexicanitos

                      No trato diário, quando as pessoas se conhecem bem, os mexicanos preferem usar apelidos (diminutivos) em lugar de nomes, quebrando o gelo e criando um clima mais informal numa sociedade bastante formal.
                      Assim, Jesus vira Chucho ou Chuy, Graciela é Chela, Consuelo é Chelo, Salvador é Chava, Antonio é Toño, José é Pepe, Francisco é Paco ou Pancho, Rafael é Rafa, Josefina é Jose, Guadalupe é Lup ou Lupita, Manuel é Manolo, Luz María é Luzma, María é Mari, Roberto é Beto, Rosario é Chayo ou Chayto, Soledad é Sol ou Cholita, Célia é Chelita, Teresa é Tere,  Alfonso é Poncho, e por aí vai.
                  

Nenhum comentário: