(título da coluna original da Folha da Tarde - 1985)

04 abril 2010


                     Sai da cama, depressivo!

                          Chris: continuemos, neste domingo cinzento, com nossas reflexões sobre o mal da depressão.
                          Deixemos de lado a clássica lista de sintomas, fria e burocrática, e falemos então de sensações exaustivas, estranhas, difíceis de descrever em termos médicos.
                         E talvez a mais aterradora delas seja a crença, falsa, a certa altura, de que a única saída para tanto sofrimento é, durante o sono, passar a outra dimensão.
                       Ou seja, apagar em silêncio, sem dores, sem pranto. Uma forma suave de suicidio - por assim dizer.
                       Muito bem, amiga, quando essa sombra perigosa, traiçoeira baixar sobre sua jovem e já tumultuada cabeça, além dos remédios, essenciais (e terapia, se for preciso), caminhe pelo bairro, faça respiração e meditação, tome muita água, coma só frutas e verduras. E sobretudo leia, leia um pouco de Borges, outro tanto de Bandeira.
                    Acredite, com fé e paciência infinitas, recursos complementares vitais na batalha, você pode sair dessa.
                     Dizemos pode por precaução, pois essa é uma doença envolta em desconcertantes mistérios, sempre à espreita. Facilitou, ela volta!





Nenhum comentário: