(título da coluna original da Folha da Tarde - 1985)

20 abril 2010

                                      O anjinho do Pari voltou

                Moradores mais antigos do Alto do Pari, ali nas imediações da rua Rio Bonito e avenida Carlos de Campos, se mostram algo indóceis. Dizem ouvir na madrugada um choro angustiado de menininha ecoando pelas ruas locais. Seria, pergunta um deles, a Gildinha, há mais de cinquenta anos passada desta para outra dimensão?
                A menina foi levada por uma infecção pulmonar braba, aos oito anos, numa época em que ainda não havia antibióticos eficazes. No caixãozinho todo branco, Gildinha, também toda de branco, tinha as narinas e os ouvidos tapados com chumacinhos de algodão.
                Aos garotos curiosos no velório, que queriam saber o porquê daquele algodão, o tio de Gildinha explicava, solícito: ¨...Um anjinho não pode entrar no céu pingando...¨

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