(título da coluna original da Folha da Tarde - 1985)

19 julho 2010

                                                 No velho Gasômetro

                Anunciada agora a ¨repaginação¨ da tradicional Rua do Gasômetro, no Brás, pela Prefeitura de São Paulo, num louvável processo de revitalização da área, mas, tudo indica, preservando os traços da arquitetura fabril inglesa do século 19, vale, puxando pela memória, um rápido olhar retrospectivo - como era essa rua de mil metros de extensão nos anos ´50.
                          O acesso a ela se fazia pelo viaduto do Gasômetro, que saía do largo da Concórdia, obra do governo de Adhemar de Barros. Do lado direito, embaixo do viaduto, o primeiro ponto de interesse: a Cantina dos Marinheiros, com um belo cardápio de frutos do mar.
                          Do lado esquerdo, já na descida, o Hotel Imperial, que hospedou, na época, gente famosa, destaque para a rumbeira cubano-mexicana Ninón Sevilla. Ela teria sido roubada ali de suas jóias, armou um escândalo bem ao gosto latino, deu primeira página dos jornais populares.
                         Na entrada da rua ficavam, à direita, a fábrica e o escritório das saudosas Balas Futebol, aquelas das figurinhas carimbadas, uma delas, muito disputada, a do goleiro Andu, da Portuguesa Santista.
                         Do lado esquerdo, durante uns 50 anos, funcionou a antológica Cantina Balila, que oferecia, aos domingos, concorridos almoços familiares, com fartos pratos italianos, entre massas, cabrito assado com brócolis e batatas douradas, beringelas recheadas.
                          De novo no lado direito, no meio do quarteirão, brilhava o enorme cine Glória, com inesquecíveis programas duplos. Subia-se uma ampla rampa para chegar à sala de exibição. 

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