(título da coluna original da Folha da Tarde - 1985)

20 novembro 2010

                             
                              Uma luz dominical    

                   Chris: Quando o voraz animal da depressão bate fundo num belo domingo, não há muito a fazer, além da terapia e do remédio.
                              Mas, com o tempo, o depressivo, como em outras condições desfavoráveis de saúde, cria diferentes formas de defesa e alivio, aprende a emergir e sorver um pouco de luz, e, por fases, conviver melhor com a ´insidiosa moléstia´ (como se dizia antes).
                                Um desses recursos é um bom e reforçado café da manhã, nele incluido ovos mexidos com bacon, pão tostado e coberto com geléia de laranja, café-com-leite, além de frutas e doces. (De vez em quando, não faz mal desobedecer aos conselhos dos bons nutricionistas). 
                                 Depois, uma pausada e contemplativa caminhada pelo bairro, fixando a atenção nos aspectos mais antigos da região, tentando reconstruir na mente e na retina como eram, como viviam as pessoas naquele tempo já remoto.
                                Não se falava então em depressão, o termo em uso era melancolia, e os infelizes dados à tristeza e ao isolamento eram vistos com certa desconfiança e até temor no meio familiar.
                                 Pois naquela epoca, como hoje, ninguém avaliava com agudez e compreensão o intenso sofrimento emocional provocado por esse estranho e interminável distúrbio.
                                 Conforme-se e viva com esse peso, cara amiga.
                                 
                             

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