(título da coluna original da Folha da Tarde - 1985)

13 dezembro 2009

              E o Burt?

              Numa remota noite de 1950, lá no fundão do Pari, esquina da rua Guarantã com Imbaúba, a molecada que ainda estava na rua, estranhou a presença de um estranho no pedaço, que, quando perguntado o que fazia por aqueles lados, disse que esperava alguém e de novo virou as costas para a turma. Assim de perfil ele me lembrava uma figura conhecida do cinema americano. Não demorou muito e ele próprio, de fato muito parecido com o ator, cara e físico, esclareceu o mistério: fora dublê de Burt Lancaster, além de garçom e mordomo do artista, então no começo de uma carreira fulgurante. Pressionado pelos garotos, ansiosos para saber fofocas dos bastidores do cinema, o tal Burt revelou que outro ator famoso, também subindo, Montgomery Clift, tinha sido amante apaixonado do seu patrão. De repente, conversa cortada, o Burt foi embora, sumiu, e nós nunca soubemos quem era, o que de fato procurava naquelas saudosas e sossegadas noites do Pari.

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