(título da coluna original da Folha da Tarde - 1985)

13 dezembro 2009

                    Imagem e palavra

                   Jornalistas mais antigos ainda lembram bem dos primeiros ensinamentos do oficio, entre eles, como legendar fotos: ´boas fotos se explicam sozinhas´, diziam nossos severos editores. ´Coloquem o nome do personagem, dois pontos, uma frase significativa do texto. Ou então uma informação de ordem mais geral, porém jamais digam ao leitor o que ele mesmo vê na foto.´ Hoje, grandes jornais brasileiros ( e bons estrangeiros também) descrevem, de forma rídicula, o que aparece nas ilustrações. Dois bons exemplos recentes: `Maluf, sentado em seu escritório, em São Paulo, olha para cima´. ´Popular passa junto aos muros grafitados por latinos em Los Angeles.´ De fato é o que se vê nas duas fotos, mas a descrição assim tão ao pé da letra, determinada por certos manuais de redação, é risível, grotesca até, pura preguiça, falta de imaginação. É chamar o leitor de deficiente visual, outra boba invenção dos manuais, como querendo ajudá-lo a entender melhor o que vê na foto.

                     Amores de sogro

                    Plinio, meu caro; estou tão angustiado com o problema que preciso me abrir com alguém de confiança. Olha só o drama: meu pai, que já passou dos 75 anos, afundou-se numa paixão outonal. Até aí, tudo bem, se fosse por uma mulher (você sabe, minha mãe é falecida), digamos, da idade dele. Não, o véio está enlouquecido pelo genro, pelo menos trinta anos mais novo. Faz planos para a lua de mel, manda bilhetinhos ocultos ao rapaz, um vexame, amigo. E se minha irmã descobrir tudo? Pode?        

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