A volta do boêmio
De repente, numa cidade onde a tendência das autoridades e da própria população é, cada vez mais, botar abaixo o antigo elegante e erigir monstrengos modernosos, uma boa notícia: voltou ao seu mesmo lugar, na praça. D. José Gaspar, entre a avenida São Luiz e a rua sete de Abril, reaberto, o famoso Paribar, badalado ponto de encontro de várias gerações de boêmios, artistas, intelectuais, publicitários, jornalistas, na saudosa São Paulo dos anos 50 e 60.
Cenário agitado de porres e porradas monumentais no meio da noite, o Paribar, em frente à Biblioteca Mario de Andrade, mesas na calçada, uísque fino rodando, serviu também de inspiração ao romancista maior da cidade e sua gente, o escritor Marcos Rey.
Em um de seus contos antológicos, O Bar dos Cem e Tantos Dias, ele narra o drama de um publicitário demitido, que todas as tardes bate ponto no Paribar, parcos centavos no bolso, à procura esperançosa de um novo emprego.
A certa altura, uma das folclóricas figuras presentes recomenda ao publicitário ali sentado, sorvendo um modesto guaraná, observar bem o movimento de pessoas na frente do bar, ¨...e você verá passarem também os mortos...¨ (trecho citado de memória).
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