(título da coluna original da Folha da Tarde - 1985)

08 abril 2010

                                              A volta do boêmio

                        De repente, numa cidade onde a tendência das autoridades e da própria população é, cada vez mais, botar abaixo o antigo elegante e erigir monstrengos modernosos, uma boa notícia: voltou ao seu mesmo lugar, na praça. D. José Gaspar, entre a avenida São Luiz e a rua sete de Abril, reaberto, o famoso Paribar, badalado ponto de encontro de várias gerações de boêmios, artistas, intelectuais, publicitários, jornalistas, na saudosa São Paulo dos anos 50 e 60.
                       Cenário agitado de porres e porradas monumentais no meio da noite, o Paribar, em frente à Biblioteca Mario de Andrade, mesas na calçada, uísque fino rodando, serviu também de inspiração ao romancista maior da cidade e sua gente, o escritor Marcos Rey.
                       Em um de seus contos antológicos, O Bar dos Cem e Tantos Dias, ele narra o drama de um publicitário demitido, que todas as tardes bate ponto no Paribar,  parcos centavos no bolso, à procura esperançosa de um novo emprego.
                      A certa altura, uma das folclóricas figuras presentes recomenda ao publicitário ali sentado, sorvendo um modesto guaraná, observar bem o movimento de pessoas na frente do bar, ¨...e você verá passarem também os mortos...¨ (trecho citado de memória).




Nenhum comentário: