(título da coluna original da Folha da Tarde - 1985)

13 maio 2010

                                                 Escrever bem

                  Crescem, e isso é bom, as discussões sobre a consolidação da era digital no  jornalismo e na comunicação em geral. As mudanças são inevitáveis e, se bem orientadas, podem dar bons resultados.
                  Falta contudo nessas discussões a questão, vital, da qualidade do texto, do bem escrever - não importa em que midia ou plataforma. E o bem escrever não se resume a um texto correto em termos gramaticais, antes exige bom gosto e seriedade.
                A reflexão acima se deve a certa matéria publicada no ótimo caderno Aliás do Estadão de domingo, uma entrevista com o respeitado publicítário Washington Olivetto e sua associação com a agência multinacional McCann-Erickson.
               O redator do texto, talvez numa procura até saudável por um enfoque diferente, digamos algo inusitado, escolheu um dos caminhos mais pobres da escrita jornalística, que é se dirigir diretamente ao leitor.
               Assim, ele começa e termina a matéria na base do ¨se você fosse o Washington Olivetto faria isso ou aquilo...¨ e assim vai até o fim, num processo repetitivo e nada criativo.
              Dá para notar que o jornalista, jovem, tem talento, mas na falta de uma boa orientação de um editor experiente optou pelo recurso, muito em voga, do tom engraçadinho.
              Pena para os leitores e sobretudo para Olivetto, que merecia um perfil mais formal, mas nem por isso mal humorado.
                 
                 

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